quarta-feira, 5 de maio de 2010

João Paulo II e Bento XVI: os Papas do nosso tempo

Nas vésperas da visita do Papa Bento XVI a Portugal e recordando também o pontificado do Papa João Paulo II que faleceu à cinco anos, o Luso Fonias procura compreender qual a importância destes dois Papas para os nossos dias. Diferentes na personalidade e nos problemas que tiveram que enfrentar, estes dois Papas partilham a mesma missão de conduzir a Igreja de acordo com o Evangelho. Para nos falar sobre estes dois pontificados, o programa conta com o testemunho da jornalista Aura Miguel.

Na opinião do P. Tony Neves:
«João Paulo II chegou a Roma como uma lufada de ar fresco. Era o Papa que veio de longe, que veio de um Leste da Europa onde a Igreja era maltratada e o povo esquecido. Ajudou a derrubar o Muro de Berlim que separava a Europa Capitalista da Europa Comunista, ajudando a unificar um continente fracturado pela história triste que foi a segunda grande guerra mundial. Era um Papa jovem, desportista, artista, comunicador nato. Abriu as portas do Vaticano e saiu á rua, passeando pelo mundo a sua alegria contagiante, o seu poder de cativar os jovens, a sua vontade de promover e defender os direitos humanos, a sua luta sem tréguas contra a falta de liberdade e a pobreza que vitima tantos milhões de jovens. E assim, ano após ano, lá foi dando a volta ao mundo como peregrino da paz e mensageiro da esperança. Não ganhou o Prémio Nobel da Paz, mas fez muito por ela. Recebeu os líderes de muitos países do mundo, foi uma voz escutada, condenou todas as guerras, levantou-se contra a injustiça de um mundo onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. A sua paixão foi os jovens. Os encontros nas Jornadas Mundiais da Juventude fizeram convergir para lá milhões de jovens, idos dos quatro cantos da terra. A força da sua palavra, a simpatia da sua comunicação, o símbolo da sua presença... tudo isto marcou muito as novas gerações que o não esquecem. Foi ele quem disse um dia que ‘a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja’. Vimo-lo doente, cansado, quase fisicamente incapacitado, a virar o século e o milénio. Não se deixou vergar pelos limites da saúde e da idade e quis cumprir a sua missão até ao fim. Muitos o contestaram e outros tantos o elogiaram por esta opção. Mas, verdade seja dita, desde os tempos de jovem cristão perseguido na Polónia, o perfil de Karol Wojtila era o de alguém que dava tudo o que tinha e o que era pelas suas convicções mais profundas. Partiu. Os Cardeais, em conclave, decidiram eleger Bento XVI, outrora braço direito de J. Paulo II. Esta eleição parece ser mais um prémio para o Papa Wojtila que um mérito pessoal do cardeal Ratzinger. O importante é que a Igreja seja cada vez mais livre e comprometida com a causa dos mais pobres e oprimidos.»

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