sexta-feira, 22 de maio de 2009

Timor: um país em construção

No dia 20 de Maio celebrámos o sétimo aniversário do reconhecimento internacional da independência de Timor-Leste. Ao fim de sete anos, este jovem país dá ainda os seus primeiros passos na construção e edificação dos pilares da sua sociedade. Para reflectir melhor sobre a evolução e a situação actual de Timor-Leste, o Luso Fonias entrevistou o Professor Doutor Fernando Maymone Martins, Presidente da Fundação Mater Timor e Director do Serviço de Cardiologia Pediátrica do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental.

Na opinião do P. Tony Neves:
«Timor continua a sua caminhada rumo a uma estabilidade fundamental para garantir paz e pão a todos os timorenses. Tem sido um caminho difícil e sinuoso, com algumas estações de via-sacra a causar sofrimento ao povo.
Viveu tempos de massacre e de opressão quando da dominação indonésia. Depois, veio a libertação com a independência. Mas este mais jovem país do mundo tem dado provas de pouca capacidade de gestão da diversidade étnica e cultural que possui. Muita violência e instabilidade marcaram alguns períodos recentes do dia a dia dos timorenses. Nem o carisma de Xanana Gusmão nem a força moral dos prémios Nobel da Paz, D. Ximenes e Ramos-Horta têm sido, até agora, argumentos suficientes para dar serenidade ao povo e permitir o desenvolvimento do país. Apesar de tudo, há sinais positivos na calma que o país tem vivido nos últimos meses, situação que todos esperamos se mantenha e melhore. Mas, não podemos esquecer que na raiz da violência está a pobreza da grande parte da população e a memória fresca de traumas passados que ainda não foram ultrapassados. Já começa a ser tempo de reconciliar mentes e corações fazendo a purificação das memórias mais traumatizantes.
Falo sempre de Timor com emoção pelos acontecimentos que vêm logo à memória. Recordo-me do encontro que tive com o Dr. Ramos Horta, em Bruxelas, quando o território vivia tempos de massacre; lembro diversos encontros com D. Ximenes Belo, quase sempre em momentos críticos; nunca esquecerei a longa conversa mantida com o P. João Felgueiras, quando Díli ardia de violência e ele veio a Portugal para se tratar e multiplicar contactos a fim de apoiar estudantes timorenses. Era um homem abatido pela crueldade da situação mas, ao mesmo tempo, confiante na força de tanto sangue derramado e da alma cristã do povo timorense.
Timor tem de seguir em frente, passando ao lado das pressões económicas dos petróleos e das questões étnicas que têm tanto potencial para enriquecer mas, muitas vezes, têm sido factor de discórdia e violência.
Desejo aos timorenses muito progresso, muita paz e muito futuro.»

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