sexta-feira, 22 de maio de 2009

Família e Empresa: uma conciliação possível?

Numa sociedade cada vez mais marcada pelo ritmo acelerado da economia e do comércio, a família acaba muitas vezes por ser abalada na sua estabilidade e unidade. A propósito do Dia Internacional das Famílias que se comemorou no dia 15 de Maio, o Luso Fonias entrevistou a Professora Fátima Carioca, professora de Comportamento Humano na Organização na AESE, Escola de Direcção e Negócios.

Na opinião do P. Tony Neves:
«Trabalhar fora de casa foi sempre um desafio enorme à coesão das famílias com consequências directas na educação dos filhos. Após a Revolução Industrial, a situação complicou-se com o emprego das mulheres mães, situação que as levava a passar fora de casa e longe dos filhos muitas horas, num tempo em que nem sequer havia creches e infantários.
Mas foi já no século XX que, com a opção de praticamente todas as mulheres terem um emprego fora de casa, as relações família e empresa adquiriram outro estatuto e lançaram novos desafios.
Não contesto a importância de homens e mulheres se realizarem como pessoas através de um trabalho profissional fora dos muros da residência familiar. A igualdade de acesso ao mercado de trabalho é uma conquista importante com consequências positivas, como é o facto da mulher, mesmo no plano financeiro, não depender absolutamente do seu marido, além de deitar abaixo a ideia de que ela só serve para cozinhar, lavar a roupa, limpar a casa e tratar das crianças. Mas – há que dizê-lo com alguma coragem – esta situação actual não resolve alguns problemas muito graves como é o do abandono dos filhos à sua sorte (vão para as creches, os infantários, escolas...e quase não vêem os pais). Também a coesão da família sofre alguns abalos, pois marido e esposa, muitas vezes, passam muito mais tempo e aprofundam mais relação com outras pessoas que não o seu cônjuge.
Há, com certeza, mais aspectos a considerar para responder à pergunta se há uma conciliação possível entre a família e a empresa. Há muitas relações entre estas entidades que é importante conservar, pois as empresas ajudam as famílias a manter-se, no plano económico. Mas há sinais preocupantes de que a crise financeira e social está a arrasar a coesão das famílias. Primeiro, porque muitas empresas estão a falir ou a reduzir drasticamente os postos de trabalho. Segundo – e a Dra Manuela Silva, da Comissão Justiça e Paz ainda alertou para este problema há dias – a crise trouxe aos empresários a possibilidade de aumentar a flexibilidade laboral, dando-lhes a liberdade de mexer muito nos horários de trabalho, fazendo com que alguns trabalhadores estejam fora de casa até às 21 ou até 22h. Como pode resistir uma família onde pais e filhos quase nunca se vêem?
Há que criar condições para que as famílias vivam mais unidas e construam o seu projecto de felicidade juntas. Quando as famílias estiverem coesas, as próprias empresas e a sociedade em geral vão beneficiar. Mas quem consegue fazer passar esta mensagem?»

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