quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Trabalho infantil: o brinquedo perdido

Sabia que há 200 milhões de crianças sujeitas a exploração infantil? Números assustadores que nos alertam para a necessidade de tomarmos medidas para combater o trabalho infantil.
A 20 de Novembro de 1959 foi adoptada, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração dos Direitos da Criança. Uma Declaração que afirma a importância de todas as crianças terem necessidade de protecção e de atenções especiais. No entanto, quase meio século depois, parece que ainda há muitas crianças que vêem o seu brinquedo perdido nas longas horas de trabalho a que são sujeitas. O trabalho infantil ainda é uma realidade do século XXI. E, por muito que julguemos que é uma realidade dos países mais pobres, o que é certo é que muitas vezes esta realidade está bem próxima de nós.
O Luso Fonias de 18 de Novembro tem como tema “Trabalho infantil: o brinquedo perdido”. Para nos falar deste assunto, esteve na nossa companhia o Dr. Paulo Bárcia, Director do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Lisboa.

Segue o comentário do Pe. Tony Neves:
«Se o melhor do mundo são as crianças há que investir nelas o máximo. É urgente que todos nós demos as mãos com o objectivo de reunir as condições necessárias à garantia de cuidados elementares de saúde para todas as crianças, bem como a sua escolaridade mínima.
Ao olharmos o mundo dos pobres, reparamos com facilidade que, numa lógica de sobrevivência, muitas crianças passam o dia a fazer pequenos trabalhos que as ocupam e impedem de ir à escola. Desta forma, a lógica da sobrevivência mata o futuro.
O trabalho infantil é um flagelo, uma violação frontal dos direitos das crianças. Há que denunciá-lo e, mais do que isso, há que criar condições para que as crianças possam ser crianças e crescer como tal. Em muitos casos, são vítimas de ganâncias desmedidas de empregadores sem escrúpulos que exploram os menores só para engordarem à custa dos mais pequenos e indefesos.
Mais dramática e desumana é a exploração infantil para fins sexuais. Um abuso inqualificável que faz correr rios de dinheiro e engorda máfias, algumas delas com tentáculos multinacionais.
Há que trabalhar, à escala do mundo, por mais justiça. Há que criar movimentos de cidadania que bloqueiem tudo o que cheire a fruto de trabalho infantil, denunciando, fazendo boicotes a produtos e serviços onde se explorem crianças e adolescentes. Há que ajudar a combater a pobreza, a construir escolas e postos de saúde, a desenvolver mentalidades e tecnologias que permitam aos governos dos povos atacar frontalmente este drama.
Só quando os direitos das crianças forem respeitados, Fernando Pessoa ganhará razão. Aí sim, o melhor do mundo são as crianças.»

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