domingo, 11 de novembro de 2007

O lugar do comunicador cristão nos tempos de hoje

Por Pe. Tony Neves

A primeira reacção da hierarquia da Igreja aos novos media, à medida que eles apareceram e ganharam lugar na sociedade, foi negativa. Adivinhavam-se efeitos muito perversos e contrários ao Evangelho. Passado o choque do primeiro impacto, o Concílio Vaticano II espanta toda a gente com o documento ‘Inter Mirifica’, publicado em 1963, onde se diz que os meios de comunicação social são maravilhosos e possuidores de uma grande capacidade de amplificar os valores humanos e cristãos. Tudo mudou a partir daí. (…)
O ano da morte de João Paulo II (2005) é marcado por dois documentos sobre os media: ‘o Rápido Desenvolvimento’ e a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Aqui, J. Paulo II, pede que se estabeleçam pontes entre povos e pessoas e que se criem laços de solidariedade sem fronteiras entre os que já navegam pelas modernas tecnologias da informação e os que são info-excluídos.
Lutar contra a info-exclusão deverá uma das missões da Igreja nos tempos que se seguem. Em nome da justiça e do Evangelho. (…)

Media hoje – questões de fundo
1. Comunicação: realidade transversal (afecta tudo e todos)
2. A civilização do efémero – homem ligth
3. O alto risco da concentração mediática
4. O fabrico de figuras públicas. Quem não passa pelos media não existe
5. Sacrifícios no altar das audiências. As influências do tele-lixo
6. A toda-poderosa publicidade
7. A fachada dos media impressos e internet (capas e homepages): as novas vitrinas
8. Contra-programação e defesa do consumidor mediático
9. Media-pessimista ou media-optimista? Critérios, balizas e valores de fundo
10. Formar para a cidadania responsável / gerar motivações
11. Ao serviço do encontro de civilizações e de culturas
12. O risco de amplificar os gritos dos pobres e o poder de gerar ondas de solidariedade
13. Os media ao serviço dos direitos humanos. Que missão em tempo de guerra?
14. Circular na 'auto-estrada' -a Internet
15. Apostar na 'epikeia' - consciência como 'anti-vírus' com up-date (…)

Estamos num tempo marcado por dinamismos mundiais e é importante que os valores cristãos sejam propostos para contrariar os efeitos perversos da globalização.
Num mundo secularizado, a Igreja tem de ter a coragem de anunciar o Evangelho numa perspectiva de primeira evangelização. Há a convicção de que o Evangelho faz falta à humanidade.
Num mundo de tirania cultural, há que defender os povos que vêem as suas culturas ameaçadas pelos grandes interesses económicos e políticos.
Num mundo marcado pela opressão económica das grandes multinacionais e grupos, é urgente investir na solidariedade com os mais pobres e excluídos.
Num mundo onde o que conta é a produção, há que investir na pessoa e nos seus valores de fundo.
Numa sociedade mediática em que só existe quem passa pelos meios de comunicação social, há que investir na promoção de uma verdadeira comunicação que estabeleça pontes entre povos e pessoas.
Num mundo tão marcado pela violência e pela guerra, há que dar tudo por tudo para que a paz vença e se aposte nos sempre difíceis caminhos da reconciliação.

Para ler na íntegra o artigo da participação do Pe. Tony Neves no IV Encontro das Rádios Lusófonas Católicas, clique aqui.

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