quinta-feira, 17 de junho de 2010

Portugal e o mundo lusófono: desenvolvimento comum

Num momento de crise financeira internacional que atinge todos os países e numa altura em que Portugal assume cada vez mais um compromisso de controlo da despesa pública, vamos analisar a cooperação portuguesa face aos compromissos assumidos a nível internacional para contribuir para a criação de um mundo global mais justo. Para nos falar sobre a cooperação portuguesa, o Luso Fonias conta com a presença do Dr. João Martins, da Plataforma das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento.

Na opinião do P. Tony Neves:
«A lusofonia – basta olhar para a história para o concluir – nasceu da colonização portuguesa. Por isso, á partida, há sentimentos contraditórios nascidos de um processo complexo de mais de 500 anos. A colonização não assentou, como é óbvio, no respeito dos direitos humanos nem da dignidade igual das pessoas. A história foi a que foi e ela não pode ser alterada. Mas há feridas que ainda não estão completamente cicatrizadas. Nestes 500 anos, a par de aspectos negativos, houve, claro está muitas coisas positivas que, apesar de tudo, faz dos povos que hoje falam português países irmãos. Eu não sinto a mesma coisa quando aterro no Congo ou em Angola, no México ou no Brasil, no Senegal um em Cabo Verde, na África do Sul ou em S. Tomé, na Guiné Conacri ou na Guiné Bissau... Sinto as pessoas dos países lusófonas como minhas irmãs, pois partilhamos a mesma língua e boa parte da mesma história. Ora, o tempo colonial também não ajudou a construir um ‘império económico’ com igual desenvolvimento para todos. A era das independências (e refiro-me só a África) fez passar a autoridade dos administradores portugueses para os novos líderes locais, situação que, em alguns casos degenerou em guerra civil e noutros em dificuldade governativa. Por estas e outras razões, o índice de desenvolvimento humano, publicado ano após ano pelas Nações unidas, prova que há muita pobreza e pouco desenvolvimento sustentável em boa parte do espaço lusófono. Pela história comum e pela cultura que partilhamos, nós, os lusófonos, devíamos dar mais as mãos e trabalhar por um desenvolvimento que aprofunde laços de comunhão e solidariedade entre todos. Não faz sentido que, por exemplo, a Guiné-Bissau esteja na cauda da lista dos países mais pobres. Há que ser mais solidário, quer nos apoios directos, quer na ajuda à boa governação, um dos problemas que muitos países do mundo enfrentam. Estão constituídas diversas plataformas de encontro no espaço lusófono. Será que funcionam a sério? A CPLP consegue atingir os objectivos para que foi fundada? A Plataforma das Igrejas Lusófonas, que une as lideranças das conferências episcopais do espaço lusófono tem reunido com frequência, debatido assuntos pastorais e sociais importantes, gerado ondas de solidariedade, mas não se poderia ir ainda mais longe? Estas e outras questões precisam de ser aprofundadas. Há que investir num desenvolvimento mais equilibrado na lusofonia para que todos nos sintamos mais irmãos. É que, verdade seja dita, não basta falarmos a mesma língua!»

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