terça-feira, 4 de agosto de 2009

Escravos do século XXI

Em pleno século XXI, são muitas as pessoas que não sabem o que é a liberdade e continuam a viver sob o drama da escravatura. Já com 60 anos de existência, a Declaração Universal dos Direitos do Homem continua a ser um projecto por realizar, também ele preso por interesses que violam a dignidade do ser humano. Para nos falar sobre a escravatura nos dias de hoje, o LusoFonias conta com a participação do Director Executivo da Amnistia Internacional em Portugal, Dr. Pedro Krupenski.

Na opinião do P. Tony Neves:
«A escravatura, por esse mundo além, continua a fazer vítimas. Dizemos nós que ele já foi abolido há muito tempo, mas refinou-se e ganhou novas formas, algumas delas muito bem disfarçadas. Aproveitando a onda da oportunidade, vou referir algumas citações do último documento social do Papa Bento XVI, ‘Caridade na Verdade’, onde ele apresenta algumas situações que constituem uma escravatura e exigir imediata libertação. ‘O desenvolvimento humano tem por objectivo fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo’ (CV, 21). Mais adiante, Bento XVI denuncia: ‘cresce a riqueza mundial em termos absolutos, mas aumentam as desigualdades. Nos países ricos, novas categorias sociais empobrecem e nascem novas pobrezas. Em áreas mais pobres, alguns grupos gozam de uma espécie de superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora. Continua o escândalo das desproporções revoltantes’ (CV, nº22). O Papa ainda ataca a exagerada mobilidade e desregulamentação do trabalho que faz com que muitas pessoas vivam a angústia da insegurança do seu emprego e, como consequência, o risco permanente de não poder reunir as condições mínimas para sustentar a sua família, criando enorme instabilidade. Diz o Papa mais à frente: ‘Em muitos países pobres, continua – com o risco de aumentar – uma insegurança extrema de vida, que deriva da carência da alimentação. A fome ceifa ainda inúmeras vítimas’ (CV, 27). Sobre a violência, que gera morte, pobreza, insegurança e instabilidade, o Papa afirma: ‘As violências refreiam o desenvolvimento autêntico e impedem a evolução dos povos para um bem-estar sócio-económico e espiritual maior’. Há ainda uma condenação clara do terrorismo e do fanatismo religioso. Voltando ao problema da pobreza, o Papa alerta para o facto dela minar a coesão social e pôr em risco da democracia, onde ela já existe. Enfim, em pleno século XXI, a escravatura mantém-se com outros nomes: pobreza, injustiça, fome, terrorismo, doenças endémicas, analfabetismo, subdesenvolvimento, trabalho precário…. Estas e outras formas de escravatura exigem luta por uma libertação. Há que trabalhar pelas pessoas e pelo direito que têm a ver a sua dignidade respeitada.»

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