segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Rádios Católicas são a voz do povo

Experiências do encontro da Associação Mundial das Rádios de Inspiração Cristã de Expressão Portuguesa

Depois do período da guerra "tínhamos que consciencializar a população para a paz e a reconciliação" – disse à Agência ECCLESIA a Irmã Idalina, da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Visitação, diocese de Quelimane (Moçambique), e a trabalhar há nove anos na «Rádio Nova Paz» daquele país. Esta Emissora Católica de Moçambique é uma das participantes no Encontro da VOX – Associação Mundial das Rádios de Inspiração Cristã de Expressão Portuguesa - que decorreu em Carcavelos de 17 a 21 de Outubro. Este órgão de comunicação foi de extrema importância para "eliminar os ódios entre as pessoas" e as "imagens da guerra". E acrescenta: "fazemos programas virados para a reconciliação com o intuito de dar voz aos que não têm voz".
Noutro país lusófono, Angola, a «Rádio ECCLESIA» também forma e informa os angolanos. "Somos a voz do povo e a rádio mais escutada" - sublinhou Fátima Cavate, da direcção da «Rádio ECCLESIA». Como é independente "fazemos o papel de conselheira e um espaço onde as pessoas podem discutir aquilo que pensam" - afirmou Fátima Cavate. Um ombro amigo que ajuda "os mais sofredores".
Apesar de não conseguirem atingir grandes distâncias, este elemento da direcção da «Rádio ECCLESIA» conta que em Luanda (local onde são emitidos os programas) vive um quarto da população angolana. "O nosso pólo de interesse situa-se na capital" mas "gostávamos de abranger todo o território".
Cabo Verde está representado neste encontro pelo director da «Rádio Nova», o Pe. Capuchinho, António Fidalgo. Neste órgão desde a sua fundação (Dezembro de 1992), o Pe. António Fidalgo afirma que no início receberam apoios de "amigos italianos e da Rádio Renascença". Apesar de fazer uma avaliação positiva destes anos, o director sente alguns problemas na transmissão dos programas. Cabo Verde tem 10 ilhas (9 habitadas) mas a "orografia é muito complicada". "Tentamos vencer zonas de sombra em FM" - lamenta. Para além desta dificuldade, a «Rádio Nova» debate-se com "problemas financeiros". O governo "não apoia mas também não dificulta".

Evangelizar e educar as populações
O raio de acção da «Rádio Nova Paz» não é muito abrangente (cerca de 70 quilómetros) mas a Irmã Idalina salienta que "temos feito um bom trabalho". Os ouvintes "gostam de escutar a nossa programação abrangente e aberta". Mesmo sendo uma rádio católica, "fazemos muitos programas virados para a educação". O problema da SIDA em Moçambique tem ocupado muitas horas de emissão. Com o apoio do Governo e do núcleo provincial de luta contra a SIDA "consciencializamos muitas pessoas" - disse a Irmã Idalina. A visita a hospitais e centros de saúde é outra forma de auxiliarmos a população para este flagelo que "mata muitos moçambicanos".
Fátima Cavate referiu também que a «Rádio ECCLESIA» transmite muitos programas virados para a educação, sobretudo aqueles ligados às mulheres e crianças. "É uma rádio generalista com programas de formação e informação". "É uma rádio que faz falta a políticos e a religiosos". Como não recebem apoios estatais, Fátima Cavate disse "somos livres porque trabalhamos para o povo através do anúncio e da denúncia". E completa: "podemos dizer aquilo que o governo não diz e informamos as pessoas de coisas que o governo não informa".

O lugar da religião
A «Rádio Nova Paz» transmite o terço e eucaristia diariamente. "Uma forma de catequizar as pessoas" - admitiu a Irmã Idalina. Por sua vez, Fátima Cavate realça que a «Rádio ECCLESIA» também dá muito espaço à programação religiosa mas "de índole ecuménica". Com uma colaboração muito estreita com a Rádio Renascença e com a Rádio Vaticano, a emissora católica de Cabo Verde recebe o apoio dos bispos daquele país (um deles faz um programa) e sente-se "um instrumento de evangelização". E conclui o Pe. António Fidalgo: "Temos uma catequese infantil pela rádio".
Em breve, reportagem fotográfica e vídeos.

Não perca todos os pormenores deste IV Encontro das Rádios Lusófonas Católicas.

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