segunda-feira, 19 de março de 2007

Contador de histórias

O último Luso Fonias foi dedicado ao Dia de S. José/Dia do Pai (19 de Março) e ao Dia Mundial da Poesia (21 de Março), duas datas que deram origem ao tema “Contador de histórias”. Aproveite para ouvir a entrevista a Luciano Burgos, da Companhia Panda-Pá, um pai que é também um contador de histórias a nível profissional.

Segue o comentário do editor do programa, Pe. Tony Neves, para que possamos homenagear todos aqueles que nos encantam e ensinam com as suas histórias e experiências de vida.

«Todos temos, na nossa história pessoal, a memória viva de alguém que não mais esquecemos porque nos contava histórias de embalar e de edificar. Regra geral, essa foi sempre (e ainda é) missão dos mais velhos que foram, ao longo dos anos, acumulando sabedoria e pedagogia. Assim, que bom que era escutá-los e guardar na nossa memória essas histórias que eram fascinantes a ouvir mas, sobretudo, mensagens que ajudavam a construir o nosso património de valores.
Em certos países, o contador de histórias é alguém que a própria comunidade escolhe. É sempre um mais velho, lá onde a idade é um posto e os anciãos são poços de sabedoria, a ponto de se dizer que quando morre um mais velho se enterra uma biblioteca. Nestes contextos, os mais velhos, através de histórias antigas, passam de geração em geração os valores da comunidade, ensinam as gerações mais novas a integrar-se na vida do grupo e, sobretudo, dão-lhes sentido de pertença, uma vez que as histórias têm quase sempre os antepassados como grandes protagonistas. Noutros casos, quando o objectivo da história é mais moral, os protagonistas poderão ser animais que, quase sempre, têm naquele grupo, missões muito definidas: por exemplo, em algumas etnias africanas, o cágado é o símbolo da inteligência.
Contar histórias não é uma questão de embalar na hora em que o sono tarda a chegar. É, sobretudo, uma questão de integrar as novas gerações numa história de comunidade e ajudar a passar, de forma muito simples e atractiva, valores de fundo.
No plano cristão, estamos todos nesta onda. Todos conhecemos o rico património das parábolas de Jesus que se devia divertir imenso a contar histórias aos seus discípulos e ao povo com que se cruzava no dia a dia naqueles caminhos da Palestina. Mas, essas parábolas todas juntas ajudam-nos hoje a construir um mundo mais justo e mais fraterno.
Em tempo de Quaresma, histórias como a do Filho pródigo ou do Bom Samaritano falam alto e calam fundo acerca da nossa relação com os outros. O mundo, com estas e outras histórias de vida pode ser muito diferente, muito melhor.»

Feliz Dia do Pai! E não se esqueça de comemorar o Dia Mundial da Poesia com um poema de um autor lusófono.

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